SINOPSE
Here’s How One Brazilian Artist Stared Down Cancel Culture
Luciano Cunha of ‘The Awakener’ fame shares how others can follow his lead
A cultura do cancelamento se estende muito além das fronteiras dos EUA.
Vimos histórias de terror vindas da Europa, incluindo os recentes ataques ao comediante britânico Jimmy Carr por contar uma piada sombria sobre o Holocausto. Uma campanha publicitária recente tentou apagar o autor britânico J.K. Rowling de sua maior criação – o universo de Harry Potter.
Até o Papa Francisco soou o alarme contra sua ascensão.
Luciano Cunha tem suas próprias cicatrizes do Cancel Culture para compartilhar.
O artista brasileiro é conhecido por seu herói vigilante “O Doutrinador”. O vingador mascarado ataca a corrupção política, provocando um filme de mesmo nome.
O personagem faz parte do impressionante elenco de heróis de Cunha, mas foi ele quem mais lhe causou a dor cultural.
HiT entrou em contato com Cunha para saber mais sobre sua carreira, a ascensão de sua assinatura vigilante e como os outros podem revidar quando a multidão acordada vier para eles.
HiT: Por favor, compartilhe sua história de origem… como você abraçou a arte e como essa paixão evoluiu para ilustrações no estilo de quadrinhos?
Luciano Cunha: Desenho desde criança, então foi um caminho natural na minha vida. Aos 16 anos comecei a trabalhar com Ziraldo, um dos maiores artistas gráficos da história brasileira. Fiz a história em quadrinhos do Menino Maluquinho, um personagem muito famoso no Brasil. E eu nunca parei.
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HiT: Você descreveu suas tendências políticas como conservadoras, mas nem sempre foi de direita. Você pode explicar como se tornar pai ajudou a mudar a forma como você via o mundo, politicamente falando?
Cunha: Foi também um processo lento e natural. Houve um tempo em que trabalhei em uma agência de publicidade e fiz inúmeras campanhas políticas, sempre para políticos de esquerda. Então, em contato muito próximo com eles, eu, que era um eleitor de esquerda, percebi que eles nunca se importaram com uma sociedade mais justa e igualitária, eram apenas fanáticos por poder e controle.
Revelou-me outra visão de mundo, uma visão antirrevolucionária, conservadora da minha vida. Ser pai só reforçou essa nova visão.
HiT: Apresente-nos The Awakener (O Doutrinador) … o que inspirou esse personagem e quando você percebeu que ele estava se tornando tão popular?
Cunha: O Brasil é um dos países mais corruptos do planeta, e sua classe política é provavelmente a mais suja do mundo. Foi simplesmente minha raiva e indignação com nossa elite política que me fez criar O Despertador. Essa indignação é a mesma em toda a população brasileira, então isso explica a enorme identificação que as pessoas têm com meu personagem.
HIT: Como você acha que seu trabalho cresceu/evoluiu ao longo do tempo? Você se vê como um artista mais sofisticado hoje e pode compartilhar como conseguiu amadurecer como contador de histórias?
Cunha: Uau. Consigo ver minha evolução com tanta clareza que tenho vergonha de certas páginas que fiz lá no começo, há mais de 10 anos. Mas isso é normal, acredito que todo artista se sinta assim.
O trabalho duro faz você crescer em qualquer profissão e eu sou um trabalhador muito duro. Sempre ler e acompanhar tudo ao seu redor sempre me faz contar histórias melhores e com essa forte conexão com as pessoas do mundo real.
HiT: O Despertador uma vez deu um soco em um importante político brasileiro, um comentário sobre seu escândalo de corrupção. O que aconteceu depois?
Cunha: O que aconteceu é que descobri da maneira mais difícil que existem certos políticos com quem você não pode mexer, especialmente aqueles que mantêm a imprensa em sua folha de pagamento há décadas. E assim veio o meu cancelamento.
HiT: Quais táticas foram usadas contra você e que conselho você pode compartilhar para outras pessoas que podem estar criando arte que vai contra narrativas selecionadas?
Cunha: As táticas foram as mais discretas possíveis, desde gerar histórias de fundo que nunca existiram até ameaçar minha família, que é meu bem mais precioso. Nada que você já não saiba, as táticas são as mesmas em todo o mundo. Eles tentam destruir a forma que alimenta sua família.
O que posso dizer para fugir disso é que você deve sempre acreditar em seus valores, nunca se desculpar com quem quer seu sangue e encontrar o nicho certo para continuar trabalhando.
Há sempre pessoas que pensam como você. Na verdade, somos mais numerosos, eles apenas fazem mais barulho.
HiT: Como os ataques estilo Cancel Culture são diferentes no Brasil? Você conhece outros artistas que são igualmente atacados e por quê?
Cunha: Eles não são diferentes. Eles são exatamente os mesmos! Totalmente igual. Eles te chamam de fascista, racista, nazista e tudo, te rotulando para que as portas estejam fechadas para você na grande mídia.
Conheço vários outros artistas que sofrem do mesmo problema e procuro ajudar a todos com minha experiência.
HiT: Conte-nos sobre sua editora… quando você começou, como ela cresceu ao longo do tempo e o que você espera criar com ela daqui para frente?
Cunha: Foi também um movimento natural. Quando as portas se fecharam, precisei construir minha própria casa. Então eu me juntei aos melhores artistas possíveis, corajosos e talentosos o suficiente
para jogar o jogo comigo. Fiz importantes parcerias na América e no Leste Europeu. E a coisa fluiu, principalmente porque talento e trabalho feito com alma sempre terão um lugar especial no coração das pessoas.
HiT: Como é o resto de 2022 para você? Algum projeto próximo de ser lançado que você possa provocar aqui?
Cunha: Tenho mais três graphic novels prontas para lançar no mercado brasileiro, duas dos EUA e uma da Polônia. O mercado audiovisual também voltou a esquentar e tenho duas propostas na mesa para continuar O Despertador, uma como série e outra como animação. Vai ser maravilhoso fazer de novo!